A vida como Ela é....

- Filho da puta!
Disse a morena da mesa à frente, de rara beleza e originais traços emanados do vasto mosaico étnico-brasileiro: olhos árabes, pele morena-alaranjada, cabelos longos, corpo curvilíneo harmonioso, rosto teatral, segurança gestual e sotaque de Minas.
Do palavrão veio um riso espontâneo e hipnótico. Dava atenção a dois amigos, supostos amigos, que faziam a corte rivalizando a atenção da belíssima mulher. Mais risos, mais gestos, mais frases, mais olhares que garantiam o domínio de toda atenção humana disponível ao redor.
- É ela. É ela. É ela. Tem que ser assim, exatamente como ela.
Minutos se seguiram na mesma tônica espectador: olhares, de lá pra assegurar toda atenção, de cá escancarando, ou tentando dizer, “é você”.
Ao fim, sentiu deliciosa impotência e um celebrado desgoverno do corpo que põe tudo em terceira ordem. Renovara uma perdida sensação, de fé inabalável, que tudo se dá num instante.

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