"Estou me sabotando..."


O neurótico sofre porque quer garantias! No amor, no trabalho, nas relações, enfim, nos vários campos da vida. É um sofrimento que deriva da busca de um “saber total” que elimine dúvidas e riscos. O que é impossível! Desejar, viver, ter que se expor ao mundo, obviamente, dá muito medo. Mas sustentar a premissa que é possível não perder algo diante de escolhas é outra forma astuta que o neurótico escolhe para sofrer e se defender do seu desejo.   Em via de regra, alguém procura uma análise porque está angustiado. Tal sintoma é muito particular, cada um tem uma forma muito singular de lidar com angústia. No entanto, a angústia pode ser propulsora agindo como um motor na busca de quem se disponibiliza para saber sobre seu sintoma. Por exemplo, na clínica escutamos repetidamente a frase “acho que estou me sabotando”. Ou seja, dar nome ao seu modo de sabotagem é o primeiro passo para parar de se sabotar. Qual é a minha sabotagem, como me prejudico? São perguntas que lançam o neurótico a pensar que é possível saber do seu sintoma, saber mais do seu verbo de análise, o verbo que inscreve sua posição subjetiva. Isso resolve o problema? Talvez não. Talvez o neurótico não pare de se sabotar, mas vai saber como se sabota e a partir daí deixa de ser sabotagem e passar ser uma escolha. O que não é pouca coisa ! Se implicar com suas escolhas é, fundamentalmente, a melhor aposta a se fazer em um processo analítico.

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