Por que da tanto medo (dói) terminar um relacionamento?


Freud nos ensina que a base do amor é narcísica. Ou seja, amamos o que supomos que outro tem e não temos. Miramos o que é importante para nós, projetando nosso ideal no outro que é o suporte para amarmos nossa imagem idealizada. Por isso é muito difícil separar! Porque terminar é perder esse registro, um olhar único que sustentava a imagem idealizada de nós. E essa é a base do luto! Por isso nos agarrarmos a relações inviáveis, porque a fantasia inconsciente evita com toda força essa perda. Frases no divã: “Ela/Ele não vai aguentar. Estou adiando porque ela/ele depende de mim.” Percebe-se a prepotência dessa posição discursiva, a falsa benevolência de enxergar o outro como impotente? Não há nada mais narcísico nesse discurso porque significa dizer que o outro não sabe lidar com a própria vida. Hoje se fala muito em aprender a ceder, negociar, tolerar.  Mas não é mais o importante! Porque existe algo em cada um que é inegociável e não pode ser cedido (o desejo, por excelência). A psicanalise é  útil porque permite nos apropriarmos desse inegociável que pode fazer laço com o inegociável do outro. São os desejos de cada um não traídos que se encaixam! Uma relação começa errado ou caducou quando se negocia o inegociável em nome do outro. Exemplos: “Eu não quero ter filho,  mas ele/ela quer”. “ Sempre tive minha independência mas agora sou controlada por meu namorado ciumento, mas não consigo terminar”. Ou seja, trair o próprio desejo é aceitar o insuportável! E como apresentar nossos limites ao outro?  A maioria não sabe e não os apresenta  por medo de perder. A neurose é o modelo de funcionamento em que se desconhece e se evita dizer o que se quer de forma clara pelo medo de perder, sustentando uma falsa premissa de que poderíamos não perder nada. Quase todas as questões na clínica giram em torno do medo de perder. 

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