O inferno de querer garantias.....


A neurose produz uma inflação imaginária colorida de fantasia. E, para a psicanálise, a fantasia é a janela particular  em que cada um enxerga o mundo. Um exemplo: na véspera da entrevista do emprego dos sonhos um neurótico está ansioso: “Qual roupa usar? Ir formal ou mais despojado para realçar uma personalidade segura? Etc.”  O exemplo cabe em outras situações da vida. Mas não adianta, a ansiedade só se desmancha na experiência: é preciso ir, se apresentar e “pagar para ver” o que vai dar! Qualquer outro caminho que busque garantia antecipada gera angustia. Porque a angustia surge da falha estrutural (e necessária) presente na inscrição simbólica do desejo diante do outro. E o outro é o registro do que supomos que o mundo espera de nós (o entrevistador). Ou seja, SEMPRE uma incógnita! Nesse sentido, podemos dizer que há formas de se defender dessa trama eu/outro. Na histeria, prever o desejo provoca uma recusa de se apresentar como objeto do outro em uma posição discursiva de permanente insatisfação. Na neurose obsessiva cria-se ao um outro absoluto para se escravizar se fixando no imaginário da fantasia. Na perversão busca-se produzir angustia no outro. E na psicose é criado um delírio para inventar um outro que possibilite alguma inscrição do desejo. Em qualquer dessas posições, toda vez que nos defrontamos com o desejo do outro o colocado em um lugar de extrema  importância sofremos. Portanto a castração é a única condição para desejarmos porque ela dá limite a esse absoluto impossível de ser atendido. Cessar de buscar uma satisfação total/atendimento total ao outro é bastante libertador. Porque sustentar uma possibilidade sem a rigidez da certeza e sem garantias é de fato o que podemos chamar de desejo!

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