Sobre Medusas e Camparis...
Os homens se
matam muito mais que as mulheres. Atacam muito mais outros homens e, sobretudo,
atacam mais ainda as mulheres. As
estatísticas são assustadoras! No Brasil um estupro a cada 8 minutos, na
maioria meninas com menos de 13 anos. Mas de onde vem tanta violência
e ódio ao feminino? Freud nos deixou um legado fantástico, mas também lacunas
que puderam ser revistas, como uma
suposta organização psíquica baseada no binarismo falo/castração. Mesmo a
utilização dos mitos foi feita com
inclinações heteronormativas, como nos casos de Édipo e Medusa. Porque na
clínica a angústia de castração parece menos prevalente, embora seja fácil
admiti-la. Porque parece um registro muito menos poderoso do que a brutal
repressão a identificações ao feminino e o amor ao pai que foram violentamente
recalcados num sistema de
educação patriarcal. Lembremos que Medusa antes de ser um monstro feminino que
tinha cobras no lugar de cabelos era uma mulher
extremamente bonita, atraía mortais e imortais, e a história parece metaforizar
o modo como as mulheres eram tratadas, sendo desumanizadas
como selvagens, fruto da repressão e demonização da sexualidade. A velha tentativa frustrada do gênero cobrir o sexo! Ou seja, é o
horror de desejar ser mulher (identificação às mulheres que depositaram
cuidados amorosos na
criação), e de amar ao pai, tão severamente forjados pela força do código cultural, e menos o medo de ser
castrado, que faz retornar o material recalcado que sustenta a
violência ao feminino. Afinal, homem não chora, não beija o pai, não broxa, não
falha, etc. e etc.
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