A psicanálise não é um Iceberg.

Confesso que uma das representações que menos gosto sobre a Psicanálise é a metáfora do Iceberg, em que há 3/4 de "profundezas obscuras" para serem revelados na análise. Porque pode reforçar um ideal perigoso de autonomia de si, desconsiderando a relação do indivíduo com o que o envolve. A psicanálise é um percurso bastante singular. porque as transformações ocorrem quando o sujeito pode se implicar com as modalidades do seu sofrimento, se deslocando de narrativas culturais que sugerem que o sofrimento se impõe a ele de fora (os outros, o sistema, etc.), ou de dentro (os neurônios, o corpo, etc.), se apropriando melhor sobre os conflitos inerentes à existência. Aliás, poderia dizer que o sujeito é aquilo que emerge do conflito! O conflito entre uma base ontológica (a história de cada um) e a possibilidade articular propósitos.  Ou seja, desejar dá trabalho, os alívios são provisórios, mas por outro lado não criar condições de se implicar com escolhas pretéritas ou futuras é, em alguma medida, abrir mão da condição de sujeito. E paga-se um preço por isso!

Comentários

  1. Se o sujeito emerge do conflito, daria pra supor que toda relação se dá a partir de um? 🤔

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    1. Toda relação, talvez, ponha o conflito em outra perspectiva, produzindo equívocos e encantamentos.

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