Os movimentos da uma análise....

 
Uma das maiores contribuições da psicanálise Freudiana foi demonstrar que o sujeito é determinado por algo que lhe escapa ou, como diria Lacan, orientados por coordenadas de linguagem que nos estruturam e, sobretudo, atuam no inconsciente. Importante dar exemplos práticos: um menino que escuta no leito de morte do pai a frase materna "agora você será o homem da família" poderá ver se  transformar essa "orientação simbólica" em exigência para várias circunstâncias de sua vida. Mas atenção para esse movimento: tal "significante" veio, primeiro, de uma autoridade externa (a mãe), e será internalizado no superego, instância  psíquica responsável por fiscalizar o eu no cumprimento dessa lei.  Ou seja, o superego é uma espécie de "juiz" herdeiro dos valores que circulavam nas autoridades externas formativas (família, sociedade, igreja, etc..) que são interiorizadas no psiquismo de cada sujeito e, não raro, atua de forma tirânica.  Ou seja, na topologia psíquica o inconsciente não é um material arquivado nas profundezas da mente, é  um conteúdo inicialmente inapreensível, mas que vive sua dinâmica própria, e cuja realidade é atualizada na relação transferencial entre analista e paciente. Por isso que ao fazer análise essa "cadeia de significantes" que definem o modelo de funcionamento psíquico, e é radicalmente restrita a cada sujeito, pode ser questionada, examinada e, com sorte, resignificada (fazer algo com isso) - afinal quem fala demanda, traz queixas, sofrimentos, desejos e etc. Assim, com diria Freud, se trata de "recordar, repetir e elaborar" a partir do material que nos constituiu, o que dá um estatuto criativo de uma trajetória analítica. Ousaria dizer: a análise pode ser vista como uma "experiência estética" em busca de movimento, de notar e sair do lugar onde podemos estar retidos!

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