Notas sobre o filme "Natureza Selvagem".......

 
Sempre quis escrever sobre "Na natureza Selvagem" (Into the Wild), filme ainda bastante cultuado e  baseado em uma história real. Mas nunca soube elaborar exatamente o quê queria dizer. Primeiro que é inegável o fascínio pelo espírito aventureiro, desprendido e desbravador de Alex Supertramp, que sai da sua zona de conforto de classe média para conhecer o mundo, em meio a uma trilha sonora fantástica. É muito difícil  não se encantar com essa narrativa! Mas acho que as cenas memoriais do conflito de Alex com seu pai fizeram muito mais registro para mim do que sua jornada libertária. E por quê? Com Freud aprendi que nosso psiquismo se constitui fazendo soluções de compromisso com nossa "rede de cuidadores". Por assim dizer, o nosso "eu" é organizado quando recebemos um nome (que não escolhemos!), quando aprendemos nos identificar pela imagem do espelho, etc. e uma porção de valores externos que vão se transformando em lei interna. Mas o que importa dizer é que há uma "cota de mal-estar"  insuperável que aparece como resto desse processo. Ou seja, sempre haverá um conflito, consciente, e muitas vezes inconsciente, que tomo a liberdade de simplificar "o que quero x o que querem (pais!?) de mim", ou "sofro por me separar daquilo que me constitui x sofro por negar o que desejo". E, nesse contexto de conflito e escolha, talvez fosse mais importante primeiro o Alex Supertramp se "separar do pai" (elaborar sua relação com ele) antes de partir. Porque ele "fugiu" mas "levou com ele" isso. E assim fazemos, neuroticamente. Queremos fugir achando que isso vai resolver, mas levamos conosco "nós mesmos" com "nossas questões". Nosso "eu" quase sempre é constituído por escolhas que não reconhecemos como escolhas, e adotar uma posição passiva de vítima sempre é mais conveniente do que nos responsabilizarmos pelo o que "fazemos com o que fizeram com a gente". 

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