Sobre Lady Gaga e a utopia do equilíbrio......


 
Nunca prestei atenção em "Lady Gaga" até ver o documentário disponível no Netflix.  Sabia que era uma dessas super celebridades, talvez alemã, americana, inglesa. E parava por aí!  Sequer conseguia compor seu rosto no imaginário. Coisas do meu "dinossaurismo cultural defensivo", enfim, tema para outro post.
Mas o filme é bastante útil porque faz pensar a psicanálise no ângulo dessas estrelas que conseguem "tudo" muito cedo, o que fatalmente gera consequências. Nesse contexto, a vida íntima de Lady Gaga é uma obviedade, com o roteiro de sempre: o fardo da ambivalência das exigências tirânicas do show business e a a super exposição que atrai milhões de fãs e bilhões de moneys.
Mas o que toca no documentário é seu lado extremamente vulnerável, como o de Amy. O corpo da artista é uma usina de simbolismos: ágil pela dança, lindo porque é jovem e harmonioso, moderno pelas tatuagens e a moda ousada, mas ao mesmo tempo totalmente frágil. Um corpo que desfalece! Lady tem dores extremas e crônicas, espasmos musculares que a paralisam, talvez relacionados com sua inseguraça e servidão da "personagem" que criou.  Porque Lady Gaga também quer tudo: ter um amor, ser amada pelos fãs, fazer shows e músicas incríveis, estar próxima da família, não ter dores, etc e etc. E aí que vem a psicanálise: não há equilíbrio possível para o psiquismo. Entre o "não ter" e "ter muito" nunca passamos pelo equilíbrio! A falta é excessiva e vice-versa. Freud diria que o neurótico se torna prisioneiro de uma culpa insuperável, porque paga o preço de querer tudo ao mesmo tempo, viver todas as coisas e, em linhas gerais, não perder, e não ceder em nada, como "adultos infantis". Talvez o equilíbrio, esse ideal utópico, deva ser deslocado para a saudável ideia de escolher e "bancar" as consequências das nossas escolhas. É uma baita tarefa! Mas admitir que se ganha e que se perde é um passo gigante para o psiquismo, e para o corpo.

"O mundo nos adoece quando somos impedidos de simbolizar nosso mal-estar". - Sigmund Freud

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