A mais forte das Leis......


Arriscaria dizer que os animais é que são seres racionais. Eles são muito mais eficientes ao usarem instintos de sobrevivência e preservação. Sabem o que fazer com os objetos à sua volta, e sobretudo sabem lidar com parceiros e inimigos. Nós, humanos, temos que aprender tudo. E, mesmo assim, fazemos crueldades impressionantes (sobretudo conosco) “impensadas” pelos animais. Esse contraste fica mais “digerível” se admitirmos que nossa história começa antes de nascermos. Todo desejo de parentes e pessoas próximas instaura uma narrativa inicial que terá importância em nossa constituição, localizando-nos num contexto cultural. Sublinho esta questão porque essa intervenção simbólica que ocorre antes mesmo de nascermos “cobrará um preço”.
É o que Lacan vai chama de “a Lei”.  Ou seja, algo se perde na passagem do “animal instintivo” para o “animal homem sujeito da linguagem”, perda que o que tornará um ser que “falta algo”. E, portanto, um sujeito dividido, marcado por uma descontinuidade, uma divisão impossível de ser desfeita e com um preço a ser pago: ter nascido desejado e tornar-se “desejante”.
Sublinho, também, que esse desejo do sujeito não corresponde à ideia de algo fora da consciência, de querer algo ou uma vontade ou um objeto específico.
O desejo inconsciente constitui-se num voto intransitivo: ‘eu desejo’, o sujeito queira ou não!
Exemplo, um menino no leito de morte do pai escuta da mãe a seguinte frase “agora você é o homem da família e vai cuidar da gente”. É a Lei. A força dessa frase poderá marcar o corpo do sujeito a ponto de todas as suas decisões em vida cumprirem, consciente ou inconscientemente, essa sentença.
Aí a importância da psicanálise, porque o “desvendar desse sujeito” o colocará diante de hipóteses, um ser mental em que é possível analisar suas intenções.
Como nos lembrou Lacan, há o instante de ver, o tempo de compreender e o momento de concluir.
É elaborando pensamentos, e não utilizando "medicamentos", que melhor percebemos à nossa volta!

Comentários

  1. A menina de cabelos pretos, olhar negro, pele radiante, boca vermelha inebriante... aplaude seu texto.

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