Você acredita que você é o mesmo ao longo do dia?


Um fato corriqueiro: uma mulher ajeitando a saia e retocando o batom em frente ao espelho, no esforço, naturalmente vaidoso, da imagem ideal. Ai na rua, sentindo-se bem e linda escuta uma grosseria que perturba àquela imagem. Que mudou? Nada. A não ser a intervenção do outro. O mal educado fora outro espelho.  Talvez nossa ideia de personalidade seja utópica. O ideal de unidade é uma construção ilusória na medida que não somos uma porção humana íntegra e permanente que define o essencial de nós. Estamos permanentemente divididos entre o que eu penso e o que o outro me mostra que eu penso. Ou seja, o EU seria um precipitado de identificações: textos, interações, imagens e emoções que pegamos ao longo da vida, num movimento de alienação e formação constante, dos traços que exportamos e importamos do outro.
Lembrei da biografia de John Lennon: "Aos 15 anos eu imitava Elvis Presley em tudo (...) tanto imitei Elvis Presley que me transformei em John Lennon".
O EU é produto de escolhas que muitas vezes não se reconhecem como escolhas!

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