tag:blogger.com,1999:blog-89314988330627834272024-03-13T10:06:16.467-03:00Observações ligeiras sobre o que me cerca....Um diário com único objetivo: escrever sobre psicanálise de forma acessível.Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.comBlogger876125tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-89339745116074245282023-03-03T06:36:00.002-03:002023-03-03T06:37:28.289-03:00Sobre Medusas e Camparis...<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7IusKzRHNII21Y8HMlVmkb6EA3ucxfmMHr0PoZy-ZqEg5W8coFeLqJnY_oe_cSud0sV0CoTh0BDmuDxWxPgFv2sT187fvdJSkG-WigNmr7noSyJHQ_Sckc5q7Ywb_BwqQ7o2Rj5ILyKr-jPoyBbKY9obxsw74wXA7hHuRNVTOlNa-B1ouRAoLl_ek1g/s844/medusa.PNG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="636" data-original-width="844" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7IusKzRHNII21Y8HMlVmkb6EA3ucxfmMHr0PoZy-ZqEg5W8coFeLqJnY_oe_cSud0sV0CoTh0BDmuDxWxPgFv2sT187fvdJSkG-WigNmr7noSyJHQ_Sckc5q7Ywb_BwqQ7o2Rj5ILyKr-jPoyBbKY9obxsw74wXA7hHuRNVTOlNa-B1ouRAoLl_ek1g/s320/medusa.PNG" width="320" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Os homens se
matam muito mais que as mulheres. Atacam muito mais outros homens e, sobretudo,
atacam mais ainda as mulheres. As
estatísticas são assustadoras! No Brasil um estupro a cada 8 minutos, na
maioria meninas com menos de 13 anos. Mas de onde vem tanta violência
e ódio ao feminino? Freud nos deixou um legado fantástico, mas também lacunas
que puderam ser revistas, como uma
suposta organização psíquica baseada no binarismo falo/castração. Mesmo a
utilização dos mitos foi feita com
inclinações heteronormativas, como nos casos de Édipo e Medusa. Porque na
clínica a angústia de castração parece menos prevalente, embora seja fácil
admiti-la. Porque parece um registro muito menos poderoso do que a brutal
repressão a identificações ao feminino e o amor ao pai que foram violentamente
recalcados num sistema de
educação patriarcal. Lembremos que Medusa antes de ser um monstro feminino que
tinha cobras no lugar de cabelos era uma mulher
extremamente bonita, atraía mortais e imortais, e a história parece metaforizar
o modo como as mulheres eram tratadas, sendo desumanizadas
como selvagens, fruto da repressão e demonização da sexualidade. A velha tentativa frustrada do gênero cobrir o sexo! Ou seja, é o
horror de desejar ser mulher (identificação às mulheres que depositaram
cuidados amorosos na
criação), e de amar ao pai, tão severamente forjados pela força do código cultural, e menos o medo de ser
castrado, que faz retornar o material recalcado que sustenta a
violência ao feminino. Afinal, homem não chora, não beija o pai, não broxa, não
falha, etc. e etc. </div><p></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-32285019909329667992023-01-11T22:42:00.001-03:002023-01-12T07:26:45.557-03:00O trauma é sempre sexual...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_97iBCxRKOrpKfQkXN_oTKpFvznFBghugWmpM-m9smD4qpocm1G1eOjhTJKjNH2uh6gf7R_AP5f5yaQ7XeM-YYu3i2Yt766UPM34-m4QhVkEJV3CwghYD7LAjoAbRBgH9p4LN_xcIZ6fk9E0WuYK9ZTm4rABoapyBNvwoGGwtSqJCM_u28A1A1LdlFw/s640/abuso-infantil.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_97iBCxRKOrpKfQkXN_oTKpFvznFBghugWmpM-m9smD4qpocm1G1eOjhTJKjNH2uh6gf7R_AP5f5yaQ7XeM-YYu3i2Yt766UPM34-m4QhVkEJV3CwghYD7LAjoAbRBgH9p4LN_xcIZ6fk9E0WuYK9ZTm4rABoapyBNvwoGGwtSqJCM_u28A1A1LdlFw/s320/abuso-infantil.jpg" width="320" /></a></div><p style="text-align: justify;">O bebê humano
nasce no caos! Ele rompe a paz do ventre para aterrissar num mundo cujos estímulos externos são insuportáveis e, sobretudo, sem repertório para lidar com esse novo ecossistema. E por isso nasce 100%
dependente e seguirá assim por muito tempo como em nenhuma outra espécie! O “Eu” é
construído pacientemente com o auxílio de tradutores que inoculam nas crianças
uma rede simbólica para entender seu mundo particular. Muitas
experiências corpóreas, portanto, somente serão significadas quando uma tessitura narcísica estiver instalada a partir do campo da linguagem. E, nesse
sentido, a entrada no mundo civilizatório requer recalcar pulsões atacantes
incompatíveis com o projeto humano da cultura. Ou seja, o
“Eu” é um contra-investimento para dar algum destino às excitações violentas que tentam despedaçá-lo (pulsão de morte). E esse processo é inexoravelmente traumático. Porque o as experiências no corpo infantil ainda não traduzidas perturbam a frágil membrana egóica em construção. Por isso a hipótese Freudiana que o trauma é sempre
sexual. Porque o campo sexual também é inoculado pelos adultos em um tempo em que
essa rede simbólica ainda não está totalmente instalada. E às vezes de forma rápida demais, violenta demais, abusiva demais,
invasiva demais. Sem a paciência e o acolhimento que o processo civilizatório recalcante exige. Ou seja, é como se experiências e incógnitas fossem lançadas
sem reportório para responde-las. Questão clínica importante: por isso um
novo trauma terá menos relação com o evento vivido no presente e mais com o trauma passado. A recente pandemia é um bom exemplo. Por que uns se
adaptaram relativamente bem e outros colapsaram? Por que uns se petrificam em
pânico depois de um assalto violento e outros seguem a vida? Por que a perda de
um grande amor
cria cicatrizes com profundidade diferente a todos? Porque os
eventos traumáticos do presente perfuram o tecido egóico construído a duras
penas no passado que garantia algum equilíbrio narcísico. E cada um de sua forma e a partir de sua história! E precisarão
ser reconstruídas com novas elaborações que remetem a experiências mal traduzidas. <b> </b></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-84853123585254367932022-11-04T19:41:00.003-03:002022-11-04T19:46:06.525-03:00A importância do trabalho do luto....<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9DN7-t0_MpR99xGWPIPNXXfu9-DapSAe2rDCrTK_umtTyak9-zpXWySTPtKY-PgIiKOLQpkY8jZmkl05lIrnS1C9C8ciSnkv-LqONrGBW6_P3WT93KFMQwA2Hgw1v6xwLILSXmUfmswfJ_dIZSKix7T8lc9PZX16plYIsWeYWNxZCPBNiVpRTgfWghg/s640/melancolia-poema-margarita-schultz.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="426" data-original-width="640" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9DN7-t0_MpR99xGWPIPNXXfu9-DapSAe2rDCrTK_umtTyak9-zpXWySTPtKY-PgIiKOLQpkY8jZmkl05lIrnS1C9C8ciSnkv-LqONrGBW6_P3WT93KFMQwA2Hgw1v6xwLILSXmUfmswfJ_dIZSKix7T8lc9PZX16plYIsWeYWNxZCPBNiVpRTgfWghg/s320/melancolia-poema-margarita-schultz.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-family: inherit;"><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">O luto em tempos atuais não tem espaço. Há um imperativo social </span><span style="font-family: inherit;">que determina: "Supere, vida que segue", "Bola pra frente", "Chega de Mimimi", "Tome um remedinho", etc. </span><span style="font-family: inherit;">Luto é um trabalho psíquico para desinvestir (tirar libido) do objeto perdido. Mas é m</span><span style="font-family: inherit;">ais que elaborar a dimensão da perda de algo que investimos muito (parentes, amigos, amores, filhos, projetos, lugares, coisas, propósitos, etc.), é reconhecer o que se relacionava com o que se perdeu. </span><span style="font-family: inherit;">Atropelar ou negar esse processo tem custos! Afinal, s</span><span style="font-family: inherit;">e o luto não fosse necessário estaríamos até hoje chorando na cama porque nossa chupeta foi </span><span style="font-family: inherit;">dada para o Papai Noel. </span></p></span><p></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-75128587326817566182022-10-19T12:34:00.003-03:002022-11-04T19:34:38.850-03:00O que você quer de mim?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="602" data-original-width="1024" height="188" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEityZSn866tRHMlLNO-M5G9dxu5rj0yFrexqasA7pbsl54nldi7os_sK7lRWq-56we59rUfSRgauttAfLTNWfj1JTJ_eMEa-78TfFZxm9IVmwUvhT1iwdHx9G00sTG7wGgMvwrDvfrKSWZIpgx3DFvJ4wmYHIQfh1d95FlgNOo66S0Uv7Ec3qimM7-1Vw/s320/B7CBAA44-BEB6-452C-8748-E48D6C8A31F9.jpeg" width="320" /></div></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span face="Calibri, sans-serif" style="-webkit-text-size-adjust: auto; text-align: justify; text-size-adjust: auto;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;">Para existirmos, nascemos no campo do desejo do outro. Ganhamos uma história prévia, um nome, uma expectativa, e um projeto de vida. Tão simples assim: só existimos a partir do outro! “É como desejo do Outro que o desejo do homem ganha forma”, disse Lacan em 1960. A pergunta “o que você quer de mim?” que convoca na relação com o outro é, paradoxalmente, a força constituinte (para construir o Eu dá muito trabalho!!), e a capsula protetora para não ser devorado. Nas palavras de Lacan “Por meio dessa pergunta endereçada ao Outro, o sujeito procura certificar-se da existência de um sentido derradeiro naquilo que comparece em sua experiência”. Ou seja, alucinar “o que querem de mim?” é o estatuto que separa e empreende o Eu (narcisismo), mas ironicamente também será o fantasma a ser atravessado. Porque tal posição aprisiona o sujeito em uma fantasia muito rígida de si. Primeiro porque é impossível capturar a demanda do outro pela linguagem (que falha!), no que é inapreensível. E desejar o desejo do outro servindo-o para completa-lo como objeto único também é da ordem do impossível. E basicamente essa é a encrenca neurótica! E qual a solução? Elaborar em análise para “cair” dessa posição e poder ser um menu de “outros objetos” nos vínculos sociais, assumindo riscos que valem bons propósitos de vida.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div> Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-91353062655782197152022-07-27T10:58:00.013-03:002022-11-04T19:35:28.752-03:00O olhar demorado sempre enxerga mais…<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_7YEDzLeYIaNAExUm9ZqdJXA9giwiDQgCLy3hjqnf83ATUOf2l8AXOuqwNxJbeUtxuhU-hpEKBOFbUjbr8sFARVgZ6ncu7xed8mbPMdN7KlhNnOIme0JzBYii6H9Nijec2VrogGclvyJYBbUr41vCSanQv_id4x-QVVXIPmVCBzwbef3K0qcSH7v8Ww/s681/0887CA8C-6CE5-4324-B9B5-B44BF9CC2F9C.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="384" data-original-width="681" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_7YEDzLeYIaNAExUm9ZqdJXA9giwiDQgCLy3hjqnf83ATUOf2l8AXOuqwNxJbeUtxuhU-hpEKBOFbUjbr8sFARVgZ6ncu7xed8mbPMdN7KlhNnOIme0JzBYii6H9Nijec2VrogGclvyJYBbUr41vCSanQv_id4x-QVVXIPmVCBzwbef3K0qcSH7v8Ww/w640-h360/0887CA8C-6CE5-4324-B9B5-B44BF9CC2F9C.jpeg" width="640" /></a></div><p class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: Calibri, sans-serif; margin: 0cm; text-align: justify; text-size-adjust: auto;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; margin: 0cm; text-align: justify; text-size-adjust: auto;"><span style="font-family: inherit;">Admiração não é laço! Em tempos de redes sociais, confunde-se facilmente a exibição de predicados, o famoso “caça likes”, com a construção <span>de vínculos. Tal ambiente também interfere na vida real porque permite inflacionar as imagens idealizadas de si, no tempo em que chegam notícias </span><span>de uma fragilidade coletiva atual: a busca incessante de aprovação do outro! Em termos psicanalíticos, é o imagético tentando </span><span>driblar o real – o que é insustentável. Isso porque desejar o outro dá trabalho, e para criar laços é necessário sustentar uma posição mais paciente no </span><span>encontro com o outro. Porque só lidando com o “estranho” do outro que é possível lidar com o estranho em nós! </span><span>É possível usar a seguinte metáfora: em uma exposição encontramos um quadro lindo, extasiante e perturbador. Ao continuar por horas </span><span>olhando-o fixamente será possível perceber pequenos defeitos, fissuras, desbotamento, etc. O que era deslumbramento vira intimidade, </span><span>constância, permanência, saturação..... Um encantamento menos apaixonado, e, paradoxalmente, mais perene!</span></span></p><p class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-size-adjust: auto;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; margin: 0cm; text-align: justify; text-size-adjust: auto;"><span face="Arial, sans-serif" style="background-color: white; caret-color: rgb(77, 81, 86); color: #4d5156; font-size: 14px; text-align: left;">Quadro: o Jardim das Delícias Terrenas, de Hieronymus Bosch</span></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-89452477729148276672022-06-27T10:42:00.003-03:002022-06-27T10:55:26.961-03:00"Estou me sabotando..."<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8tT4hwJDXepQlEfeIXgje-sVQd2zy63deXma2UyjkUsJVmmEfHLRpV_My-ycmc5ikDmKfFMB4h6Nlxe_RUTWjMax2SjUSRT-JqBtigAM3RTBsI0fzKa2cI3bdcqZ9loGSUTAfjids-nljrDYFTwFly0-KiLRq9jNuiBjTTN2SCxLlNX7V-25GHrBbAg/s460/p%C3%A9s.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="305" data-original-width="460" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8tT4hwJDXepQlEfeIXgje-sVQd2zy63deXma2UyjkUsJVmmEfHLRpV_My-ycmc5ikDmKfFMB4h6Nlxe_RUTWjMax2SjUSRT-JqBtigAM3RTBsI0fzKa2cI3bdcqZ9loGSUTAfjids-nljrDYFTwFly0-KiLRq9jNuiBjTTN2SCxLlNX7V-25GHrBbAg/s320/p%C3%A9s.jpeg" width="320" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">O neurótico sofre porque quer garantias! No amor, no
trabalho, nas relações, enfim, nos vários campos da vida. É um sofrimento que deriva da busca de um “saber total” que
elimine dúvidas e riscos. O que é impossível! Desejar, viver, ter que se expor ao mundo, obviamente, dá
muito medo. Mas sustentar a premissa que é possível não perder algo diante de escolhas é outra forma astuta que
o neurótico escolhe para sofrer e se defender do seu desejo. Em via de regra, alguém procura uma análise porque está
angustiado. Tal sintoma é muito particular, cada um tem uma forma muito singular de lidar com angústia. No
entanto, a angústia pode ser propulsora agindo como um motor na busca de quem se disponibiliza para saber sobre seu
sintoma. Por exemplo, na clínica escutamos repetidamente a frase “acho que estou me
sabotando”. Ou seja, dar nome ao seu modo de sabotagem é o primeiro passo
para parar de se sabotar. Qual é a minha sabotagem, como me prejudico? São perguntas
que lançam o neurótico a pensar que é possível saber do seu sintoma, saber mais do seu verbo de análise, o
verbo que inscreve sua posição subjetiva. Isso resolve o problema? Talvez não. Talvez o neurótico não pare
de se sabotar, mas vai saber como se sabota e a partir daí deixa de ser sabotagem e passar ser uma escolha. O que não é pouca coisa
! Se implicar com suas escolhas é, fundamentalmente, a melhor aposta
a se fazer em um processo analítico.</div><p></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-19056719157305401052022-06-15T12:13:00.007-03:002022-06-15T12:46:50.422-03:00Corpos hiper sexualizados, corpos politizados. A brutalidade dos dias atuais....<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjoNiIcGvgDYHbEDKcnYNH2x2PAD3j56MwwtBR2pgvMvbtfaPvPyQkHocZ9B4G3LprEk8FzwbGghkFH025sUosU05IFuCw0zCVboZRET_hg5S0Qmr0EoJ-EBk39ItxnAu72hPl39Lt-aW9Z0n6i0di9ywLdted6GEOl6uFQOG4k6ubozSx53S5nT_zFA/s793/desenho.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="793" data-original-width="695" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjoNiIcGvgDYHbEDKcnYNH2x2PAD3j56MwwtBR2pgvMvbtfaPvPyQkHocZ9B4G3LprEk8FzwbGghkFH025sUosU05IFuCw0zCVboZRET_hg5S0Qmr0EoJ-EBk39ItxnAu72hPl39Lt-aW9Z0n6i0di9ywLdted6GEOl6uFQOG4k6ubozSx53S5nT_zFA/s320/desenho.png" width="280" /></a></div><p style="text-align: justify;">Freud nos ensinou que a neurose se estabelece como uma defesa ligada à sexualidade infantil. Assim, quando o “sujeitinho” é inserido na estrutura edípica familiar e na moral sexual duas forças
passam a operar, a repressão vinda da cultura e o recalque como força inconsciente que dialoga com esse externo constituinte. Isso posto, historicamente os homens se aproveitaram dessa “moral sexual” vantajosa, porque usufruíram de uma certa perversão social desfrutando da sexualidade dentro e fora do casamento. Para as mulheres restou pagar o maior preço desse pacto social fraturado na medida em que deixavam de aproveitar os prazeres de seus corpos, inclusive dentro casamento. O legado Freudiano foi, portanto, mostrar que a vida sexual é o
protótipo da vida como um todo. Se o homem luta pelo seu “objeto sexual”, ele vai ser impelido
a mostrar essa potência em outras esferas da vida. Por outro lado, se as mulheres foram muito reprimidas, além de manifestarem sintomas ligados às psiconeuroses, elas também vão se
inibir socialmente. Desde então, o mudou mudou bastante. Mas nem tanto! Porque é
possível ainda enxergarmos o sexual do lado do recalcamento.
Seja na compulsão dos aplicativos de paquera, seja na emancipação feminina que vira discurso político agressivo, seja na imagem hiper sexualizada de corpos perfeitos. Ou seja, não é a explicitação
da sexualidade “desreprimida”, agora finalmente libertada, a militância política de afirmação ou a pornografia que vão nos libertar de fato da repressão e do recalcamento. Porque a repressão visa o sexual, e é isso que está em jogo! Portanto o conflito não é entre o biológico e o cultural. O conflito é entre dois campos do próprio sexual. Um lado sexual que
está efetivamente ligado, esta aberto a alteridade e à plasticidade do sexual, e um outro que está desligado, que é violento, mais destruidor, ligado à uma sexualidade infantil mais mortífera. Uma força pulsional mais desintegradora. A pergunta analítica é, quanto é possível se abrir à sexualidade sem ser
dilacerado? Sem ser reprimido por essas injunções e compulsões? Porque sexualizar ou politizar o corpo, ou buscar o sexo a todo custo, podem significar marcas de jogos de poder também brutais. Ou seja, qual o pacto social que vivemos hoje e quais as
consequências?</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-12570517729723950112022-06-08T11:18:00.002-03:002022-06-08T11:18:33.075-03:00A psicanálise cura?<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikYx2sMMvqbXeL-P_SRDh6d25ny-Dj6IDFgghvWWnqYSFNbp_zNTCiifCVw_loHvauV9krT7UKMrm1stCbXiDOYHBt3U10mLM3sWn0P5oII7ThuFwnDoZqmaqk-SrKN0oelylkm4ym9NVEpzJSMUISf9jo68uPEfwU-AghI_9ykEqeAbvGSk7FY7liDQ/s268/menina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="268" data-original-width="188" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikYx2sMMvqbXeL-P_SRDh6d25ny-Dj6IDFgghvWWnqYSFNbp_zNTCiifCVw_loHvauV9krT7UKMrm1stCbXiDOYHBt3U10mLM3sWn0P5oII7ThuFwnDoZqmaqk-SrKN0oelylkm4ym9NVEpzJSMUISf9jo68uPEfwU-AghI_9ykEqeAbvGSk7FY7liDQ/s1600/menina.jpg" width="188" /></a></div><br />A psicanálise cura? Não! Se o objetivo for “normalizar” o indivíduo
em busca de um estado psíquico “ideal”. Porém, cura sim! Da alienação paralisante que o impede de “morder a vida" mais implicado com seus desejos. Em uma boa análise, o sujeito
se apropria das determinações inconscientes, e partir daí pode construir novos vínculos livre da "obscenidade dos grupos”(família, Igreja, Instituições, Ideologias, Pátrias, etc.), como diria Lacan. E esse tipo de cura é bastante subversiva. Porque implica
na renúncia ao poder! Ao poder que exercemos sobre os outros, mas principalmente
ao poder a qual nos submetemos na condição escravizada de sermos objeto do
outro. E isso não é pouca coisa !<p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-33861457237283359742022-06-02T11:12:00.006-03:002022-06-02T11:24:42.730-03:00“Entre deuses idealizados e demônios infernais" - formas de atacar a vida.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcnDW3QCI5zj-8-hQZPtKaxahgyXEURtWzbTaML9OyPmm046GSMI2ghr7b_kaq7oVQcbMKpY5RNlatPtpxZEe-369nPa5KXalQmkNAyIXmWhqQBA6pvHXzvVd1S9yVPaYo9WI9ZFsY338w11dhFJa8aJ0h3jWEovqUc_fwAdmvZqENp2u-3TxfeJiYGg/s1920/fire-and-water-2354583_1920.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1047" data-original-width="1920" height="175" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcnDW3QCI5zj-8-hQZPtKaxahgyXEURtWzbTaML9OyPmm046GSMI2ghr7b_kaq7oVQcbMKpY5RNlatPtpxZEe-369nPa5KXalQmkNAyIXmWhqQBA6pvHXzvVd1S9yVPaYo9WI9ZFsY338w11dhFJa8aJ0h3jWEovqUc_fwAdmvZqENp2u-3TxfeJiYGg/s320/fire-and-water-2354583_1920.jpg" width="320" /></a></div><p style="text-align: justify;">Falar de suicídio sempre é um tabu! Por isso é preciso entende-lo
como o auge do sofrimento mental cujas condições de alguém suportar a dor se exauriram. O alvo do suicida não é a morte, é o fim do sofrimento.
Mesmo que na fantasia suicida ele embarque para um outro mundo melhor,
para volta ao útero materno, para uma relação de amor e etc. Mas importante pensar que a vida também é “atacada” de outras formas! O ser humano
ataca sua capacidade criativa, sua capacidade de amar, sua capacidade de usufruir coisas
boas da vida e as formas de vínculo mais fértil com o outro. Como também é utopia acreditar em um estado permanente de
vitalidade, criatividade, harmonia e prazer, porque isso nos colocaria na condição de deuses,
e não de humanos. Ou seja, o sujeito humano oscila entre esses dois lados, e a análise permite elaborar os aspectos que levam a alguém atacar a
vida, o amor, a criatividade e aquilo que nos faz nos sentirmos vivos. Em uma
boa metáfora, permite elaborar sobre a polaridade entre “deuses idealizados e demônios infernais”. Porque ambos atacam a capacidade de viver, seja pela via da destrutividade
(pulsão de morte), seja pela via da superioridade que se transforma em certeza, em fanatismo, em não suportar a alteridade e em não suportar conviver
com o diferente.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-8227824352915222552022-05-26T11:47:00.008-03:002022-05-26T11:52:45.810-03:00Transtornos narcísicos pós-modernos - entre o abacaxi e a geleia. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaATzdwu6dJ-1vJlJ8uYTZj8s5XeEA4Ull6cYNdcR_uDTViKZf_7CbAF4kgmXr7V5iUTWMpXVTG7Ze6By2KEjfu2CiaIq_Fv39YjoAkk7ejM_W9NbiRPTZ6H7KcdauzdMFgcSUYoKtwmNpVxKM6nauP1BBnsqYcbrD8VqFZq1XUZnt82JA-INC4wv8lg/s940/receita-de-geleia-de-abacaxi.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="788" data-original-width="940" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaATzdwu6dJ-1vJlJ8uYTZj8s5XeEA4Ull6cYNdcR_uDTViKZf_7CbAF4kgmXr7V5iUTWMpXVTG7Ze6By2KEjfu2CiaIq_Fv39YjoAkk7ejM_W9NbiRPTZ6H7KcdauzdMFgcSUYoKtwmNpVxKM6nauP1BBnsqYcbrD8VqFZq1XUZnt82JA-INC4wv8lg/s320/receita-de-geleia-de-abacaxi.jpg" width="320" /></a></div><p style="text-align: justify;">Obviamente, a sociedade de consumo produz consumidores. Se
não ela acaba! Produz sujeitos que invistam, consciente e inconscientemente, libido, auto-imagem e prestígio na posse e na exibição de determinados
objetos. A tal sociedade do espetáculo! Lacan nos lembrou que esse sistema impõe um imperativo de gozo: “eu tenho que ter muito prazer!”, que se desobedecido vira anormalidade,
fracasso e impotência. Clinicamente esse processo cria dois tipos de transtornos
narcísicos. No primeiro caso a angústia de ser invadido pelo outro é tamanha, que o indivíduo cria uma camada defensiva que age como uma
casca de abacaxi para proteger um núcleo narcísico frágil. Geralmente são
sujeitos que só pensam em si, se interessam pouco por algo ou alguém, e é sempre um desafio criar na clínica uma transferência aproveitável pelo medo do contato e desses sujeitos se abrirem. O segundo é o inverso, há também um núcleo frágil, mas
uma demanda infernal de aprovação e aporte do outro!. Ou seja, ao invés do sujeito estar em uma
redoma, a superfície psíquica é mole como uma geleia, e o resultado
é uma necessidade constante que um recipiente (o outro) esteja presente para
evitar que ele se esparrame, o que pode ser um parceiro(a), um animal ou um político de estimação, um ideal e etc. que sirvam de suporte a essa identidade frágil. Portanto, o paradoxo da sociedade de consumo é que ela exige a
formação de egos fortes e sólidos e nesse mesmo movimento de exigência produz narcisismos
débeis. </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-773482455171571022022-04-05T12:12:00.010-03:002022-04-05T12:30:27.085-03:00Notas sobre o Ressentimento: "Perdoar é humano mas se vingar é divino".<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhim8yenEcgxzTKsfEbZXoapxys2Mn8-WFRUyB5nInIaJjoY2GjD5n0Il2ql78wYnF01_PkAMh_wPcivN9xF_zlfwGw5yz3b5zlk0cpyxBnqQNBC_B9icFwp25dWNuPz2I5atJbCl8yPx93ZlA0slJtEdy-Ao-6vqoo1Hyg1AkYsVc3e1FxBvwWZ_1ldQ/s800/ressentimento.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="533" data-original-width="800" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhim8yenEcgxzTKsfEbZXoapxys2Mn8-WFRUyB5nInIaJjoY2GjD5n0Il2ql78wYnF01_PkAMh_wPcivN9xF_zlfwGw5yz3b5zlk0cpyxBnqQNBC_B9icFwp25dWNuPz2I5atJbCl8yPx93ZlA0slJtEdy-Ao-6vqoo1Hyg1AkYsVc3e1FxBvwWZ_1ldQ/s320/ressentimento.jpg" width="320" /></a></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O ressentimento é uma paixão triste! A equação que governa o ressentido é: “eu
sofro e alguém é o culpado”. Ou seja, o ressentido “escolhe” não esquecer do que o vitimou, preservando a imagem
narcísica de uma vítima eterna. Escolhe re......sentir! Como
diria Nietzsche, o ressentimento é uma vingança adiada. Curiosamente, o ressentido procura a psicanálise para manter
seu sintoma. Mas se depara com a ética da clínica que é implica-lo em investigar a causa do seu sofrimento,
e sobretudo a responsabilidade do que vive: recordar
e elaborar o traumático para ”se vingar” e poder seguir em frente! Não é tarefa fácil, porque se queixar sempre e "não
perdoar jamais” são modalidades de gozo parasitário. E em
tempos atuais escutamos outras formas do ressentido, já que o sujeito
se move nas exigências narcísicas do individualismo e é convocado a contrair as promessas (dívidas) de ser feliz, porque assim diz a
publicidade, a excitante indústria do <i>coach</i> e os semideuses das redes sociais. Mas sabemos que esse significante sempre vai
falhar! E para o ressentido infeliz a culpa será de alguém (do mundo injusto, do rival, do ex amor, dos pais,
etc..). O ressentido não quer se deparar com sua falta, ele prefere
se apegar ao dano, e acaba investindo mais em dar notícias sobre seu sofrimento do que uma resposta ativa para o que realmente deseja. </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-39625147943755513062022-03-09T10:40:00.003-03:002022-03-09T10:43:14.556-03:00Ver ou não ver, eis a questão......<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEigBqBEO3-NSMqQFvNDWOY2jcWuqSHZJxCWkDfPUZD9zhl4r6Etqs0bffl4bRN2dq7Vi9wjpCIRecDjvJx7Ftxc3qES0KIh117x5JeRpKp8cD-szL-n-Ginkor4pNTBmEn0wpEM5FjwRV4siwa3C6_7AKsPup-XX4rIxw82Pk3yXL5ABJiGtX69pMO_SQ=s1000" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="475" data-original-width="1000" height="152" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEigBqBEO3-NSMqQFvNDWOY2jcWuqSHZJxCWkDfPUZD9zhl4r6Etqs0bffl4bRN2dq7Vi9wjpCIRecDjvJx7Ftxc3qES0KIh117x5JeRpKp8cD-szL-n-Ginkor4pNTBmEn0wpEM5FjwRV4siwa3C6_7AKsPup-XX4rIxw82Pk3yXL5ABJiGtX69pMO_SQ=s320" width="320" /></a></div><p style="text-align: justify;">Li interessante estudo sobre 63 cegos de nascença que, mais
velhos e operados, passam a ver. O surpreendente é que para alguns ver não é
uma "bênção", um milagre. Ao contrário, a alteração súbita de
estímulos visuais, antes inexistentes, são vividos como excitações insuportáveis. Alguns
inclusive desejam voltar à cegueira porque aprenderam a se organizar no estado
anterior e a novidade é vivida como um verdadeiro caos. Acho fascinante porque permite
pensar que o corpo é atravessado pela forma como pudemos cindir (eu e o outro) e a reagir a
fatores externos, e essa condição é radicalmente singular. Cada história de
vida é uma história, o que serve a mim pode não servir ao outro, e por aí
vai..... </p><p class="MsoPlainText" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-57000847036886183782021-11-01T16:43:00.002-03:002021-11-01T16:47:52.109-03:00A psicanálise não é um Iceberg.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-fucOZ0MZ3W4/YYBCjS-2c4I/AAAAAAAABR0/jyXC78bMpsk6k6rv5IYvSRgXnkgXnkZhACLcBGAsYHQ/s374/iceberg.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="374" data-original-width="299" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-fucOZ0MZ3W4/YYBCjS-2c4I/AAAAAAAABR0/jyXC78bMpsk6k6rv5IYvSRgXnkgXnkZhACLcBGAsYHQ/s320/iceberg.jpg" width="256" /></a></div><p style="text-align: justify;">Confesso que uma das representações que menos gosto sobre a Psicanálise é a metáfora do Iceberg, em que há 3/4 de "profundezas obscuras" para serem revelados na análise. Porque pode reforçar um ideal perigoso de autonomia de si, desconsiderando a relação do indivíduo com o que o envolve. A psicanálise é um percurso bastante singular. porque as transformações ocorrem quando o sujeito pode se implicar com as modalidades do seu sofrimento, se deslocando de narrativas culturais que sugerem que o sofrimento se impõe a ele de fora (os outros, o sistema, etc.), ou de dentro (os neurônios, o corpo, etc.), se apropriando melhor sobre os conflitos inerentes à existência. Aliás, poderia dizer que o sujeito é aquilo que emerge do conflito! O conflito entre uma base ontológica (a história de cada um) e a possibilidade articular propósitos. Ou seja, desejar dá trabalho, os alívios são provisórios, mas por outro lado não criar condições de se implicar com escolhas pretéritas ou futuras é, em alguma medida, abrir mão da condição de sujeito. E paga-se um preço por isso!</p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-56754944028997587752020-12-29T15:47:00.007-03:002020-12-29T19:54:57.456-03:00O casal perfeito(?), a histérica e o neurótico obsessivo. <p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-ejzwghxk6cU/X-t4cLgfLfI/AAAAAAAABOY/N0tldPwyG6oOr9vU2_h8f3P6iuQ9r-t4gCLcBGAsYHQ/s790/briga_casal.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="509" data-original-width="790" src="https://1.bp.blogspot.com/-ejzwghxk6cU/X-t4cLgfLfI/AAAAAAAABOY/N0tldPwyG6oOr9vU2_h8f3P6iuQ9r-t4gCLcBGAsYHQ/s320/briga_casal.jpg" width="320" /></a></div><p></p><p style="text-align: justify;">A histérica e o neurótico obsessivo formam um par sofrido perfeito! O exemplo a seguir é uma "caricatura" do que seriam essas posições, frisando que nem a histeria é exclusiva às mulheres e nem a neurose obsessiva aos homens. O discurso histérico é marcado pela insatisfação ! A histérica é esperta, sabe que não há objeto que resolva o desejo. E portanto marca essa falta no outro apontando sua impotência para atendê-la. Mas é uma falsa sabedoria porque essa escolha a desimplica do seu próprio desejo. Já o neurótico obsessivo se engancha nesse par-sintoma como servo supremo parar resolver todos as questões da histérica (ou de um outro), algo impossível! Mas ele é menos altruísta do que se supõe, porque ele almeja no fundo anular o outro cessando as intermináveis demandas que o atormentam. Ambas são posições fálicas (controle), prepotentes, porque ela atua como a "única" causa do desejo do outro e ele com o supremacia de resolver tudo, e bastante sofridas. O obsessivo quer o troféu do seu esforço reconhecido (como a mamãe fazia, hein!) e a histérica a certeza que ela supre a falta do outro. A rigidez dessas posições gera sofrimento, a histérica não consegue ser desejada porque demanda o tempo todo e o obsessivo se petrifica tentando anular o outro tomando-o como promotor de demandas inesgotáveis. Fragmentos clínicos da histérica “mas eu não queria ter que pedir isso para ele, deveria partir dele”, e do neurótico obsessivo “eu não aguento mais, nada do que eu faço está bom”. Algo parecido visto por aí?</p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-12929809675618806792020-12-29T11:03:00.001-03:002020-12-29T11:09:37.528-03:00Fobia social e psicanálise....<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-R33bHcjGQeo/X-s2WKjuYLI/AAAAAAAABOM/bWqJrZJYra8-8kKNOIAybtAyMdKZtBn_ACLcBGAsYHQ/s481/fobia_social.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="234" data-original-width="481" src="https://1.bp.blogspot.com/-R33bHcjGQeo/X-s2WKjuYLI/AAAAAAAABOM/bWqJrZJYra8-8kKNOIAybtAyMdKZtBn_ACLcBGAsYHQ/s320/fobia_social.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Elaboramos em outro post que para a Psicanálise menos vale o
fenômeno em si e mais a posição discursiva de quem sofre, e essa é uma das marcas diferenciais de nosso campo de atuação. Uma fobia social
(fenômeno), por exemplo. Dois analisandos podem relatar uma inibição social
importante. O medo e a aversão de estarem/falarem em público. No
discurso de um, tal fenômeno se articula com uma forma de sofrimento recheada de ideias persecutórias e pensamentos intrusivos. No de outro, uma autodepreciação
de sua imagem cristalizada na fantasia que todos estariam voltados a notar uma suposta imperfeição física. Mesmo fenômeno, duas
posições discursivas e duas soluções diferentes: delírio e fantasia, respectivamente. </p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-3100753312933866032020-12-23T11:35:00.002-03:002020-12-23T11:37:57.776-03:00O inferno de querer garantias.....<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-UuuV17Z7sqg/X-NVndy_XbI/AAAAAAAABOA/VTMhAdoIq9ct_rBi_ReaGXemYllb8j2KQCLcBGAsYHQ/image.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="489" data-original-width="348" height="240" src="https://lh3.googleusercontent.com/-UuuV17Z7sqg/X-NVndy_XbI/AAAAAAAABOA/VTMhAdoIq9ct_rBi_ReaGXemYllb8j2KQCLcBGAsYHQ/image.png" width="171" /></a></div><br /></div><div style="text-align: justify;">A neurose produz uma inflação imaginária colorida de fantasia. E, para a psicanálise, a fantasia é a janela particular em que cada um enxerga o mundo. Um exemplo: na véspera da entrevista do emprego dos sonhos um neurótico está ansioso: “Qual roupa usar? Ir formal ou mais despojado para realçar uma personalidade segura? Etc.” O exemplo cabe em outras situações da vida. Mas não adianta, a ansiedade só se desmancha na experiência: é preciso ir, se apresentar e “pagar para ver” o que vai dar! Qualquer outro caminho que busque garantia antecipada gera angustia. Porque a angustia surge da falha estrutural (e necessária) presente na inscrição simbólica do desejo diante do outro. E o outro é o registro do que supomos que o mundo espera de nós (o entrevistador). Ou seja, SEMPRE uma incógnita! Nesse sentido, podemos dizer que há formas de se defender dessa trama eu/outro. Na histeria, prever o desejo provoca uma recusa de se apresentar como objeto do outro em uma posição discursiva de permanente insatisfação. Na neurose obsessiva cria-se ao um outro absoluto para se escravizar se fixando no imaginário da fantasia. Na perversão busca-se produzir angustia no outro. E na psicose é criado um delírio para inventar um outro que possibilite alguma inscrição do desejo. Em qualquer dessas posições, toda vez que nos defrontamos com o desejo do outro o colocado em um lugar de extrema importância sofremos. Portanto a castração é a única condição para desejarmos porque ela dá limite a esse absoluto impossível de ser atendido. Cessar de buscar uma satisfação total/atendimento total ao outro é bastante libertador. Porque sustentar uma possibilidade sem a rigidez da certeza e sem garantias é de fato o que podemos chamar de desejo!</div>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-87066406576305162432020-12-11T12:31:00.004-03:002020-12-11T12:58:37.075-03:00Por que da tanto medo (dói) terminar um relacionamento?<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-razkCiS71DQ/X9OOfizG80I/AAAAAAAABNs/Ln1KWGrmVssbg3GAazqwRbaIOeAEDZq0QCLcBGAsYHQ/s640/separar.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" src="https://1.bp.blogspot.com/-razkCiS71DQ/X9OOfizG80I/AAAAAAAABNs/Ln1KWGrmVssbg3GAazqwRbaIOeAEDZq0QCLcBGAsYHQ/s320/separar.jpg" width="320" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Freud nos ensina que a base
do amor é narcísica. Ou seja, amamos o que supomos que outro tem e não temos. Miramos o que é importante para nós, projetando nosso ideal no outro que é o suporte para amarmos
nossa imagem idealizada. Por isso é muito difícil separar! Porque terminar é perder esse registro, um olhar único que sustentava a imagem idealizada de nós. E
essa é a base do luto! Por isso nos agarrarmos a relações inviáveis, porque a
fantasia inconsciente evita com toda força essa perda. Frases no divã: “Ela/Ele não vai aguentar. Estou adiando porque ela/ele depende de mim.” Percebe-se a prepotência dessa
posição discursiva, a falsa benevolência de enxergar o outro como impotente? Não há nada mais narcísico
nesse discurso porque significa dizer que o outro não sabe lidar com a própria vida. Hoje se
fala muito em aprender a ceder, negociar, tolerar. Mas não é mais o
importante! Porque existe algo em cada um que é inegociável e não pode ser cedido (o desejo, por excelência). A psicanalise é útil porque permite nos apropriarmos desse inegociável que pode fazer laço com o inegociável do outro. São os desejos de cada um não traídos
que se encaixam! Uma relação começa errado ou caducou quando se
negocia o inegociável em nome do outro. Exemplos: “Eu não quero ter filho, mas ele/ela quer”. “ Sempre tive minha independência mas agora sou controlada por meu namorado ciumento,
mas não consigo terminar”. Ou seja, trair o próprio desejo é aceitar o insuportável! E como apresentar
nossos limites ao outro? A maioria não sabe e não os apresenta por medo de perder. A neurose é o modelo de funcionamento em que se desconhece e se evita dizer o que se quer de forma clara pelo medo de perder, sustentando uma falsa
premissa de que poderíamos não perder nada. Quase todas as questões na clínica giram em torno do medo de
perder. </div><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><p></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-60084498999780485972020-12-08T16:17:00.005-03:002020-12-08T18:46:18.195-03:00Angústia, uma querida amiga.....<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-SUKggJdGNXM/X8_P0rERiBI/AAAAAAAABNg/N3fybi5u8KA1XdaoLc64yHS56JeEvEBzQCLcBGAsYHQ/s984/coffe-1354786-1920.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="656" data-original-width="984" src="https://1.bp.blogspot.com/-SUKggJdGNXM/X8_P0rERiBI/AAAAAAAABNg/N3fybi5u8KA1XdaoLc64yHS56JeEvEBzQCLcBGAsYHQ/s320/coffe-1354786-1920.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A clínica da psicanálise é subversiva porque escuta o sujeito em sua singularidade radical. Ou seja, cada um a seu modo fabrica angústias, sintomas e fantasias. Foi Freud que colocou os sintomas em um lugar privilegiado, os elaborando como soluções a partir da angústia. Porque ela é causa, e não efeito. Dito mais radicalmente: os sintomas servem para nos proteger do desejo! Lacan posteriormente vai dizer que a angústia é o afeto mais verdadeiro no famoso seminário X. Porque se o desejo pede que o neurótico se engaje na realidade, a angústia expressa conflito e o freio sintomático para ocultá-lo. Em boa metáfora, a angustia é a bussola do desejo! Essa inversão é genial porque permite escutar que o neurótico não teme fracassar diante do que se quer. Ele cria estratégias para não reconhece-lo e inviabilizá-lo. Por isso a angústia não mente! Porque avisa que a fantasia neurótica (janela particular como cada um vê o mundo) caducou e está fraturada. A fixidez da fantasia gera perda de consistência do eu e cria possibilidade de se singularizar o desejo pela fala. De sair da opressão fantasmática de se colocar como objeto total de satisfação ao outro (impossível), para aceitar uma posição que implique ações sem garantias. E abdicar da certeza pode transformar uma angustia paralisante em uma tomada de ação para "fantasiar-se" em outro lugar. Ou seja, a mesma angústia que leva o neurótico à farmácia atrás do ansiolítico é a que pode levá-lo a uma análise para lidar com a verdade do seu desejo. Por isso, quando a angústia aparecer convide-a para um café e a trate bem, porque ela pode ser breve. E saiba que ela só sai do corpo pela boca !</div>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-33835109392263590962020-11-25T12:25:00.014-03:002020-11-30T12:39:09.778-03:00A Black Friday do desejo.....<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-RIFgp9QB5mQ/X7518hE8UsI/AAAAAAAABL8/ouQgF7WqG_wxITSjGBM0dyekUHf02m7aACLcBGAsYHQ/image.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="385" data-original-width="342" height="224" src="https://lh3.googleusercontent.com/-RIFgp9QB5mQ/X7518hE8UsI/AAAAAAAABL8/ouQgF7WqG_wxITSjGBM0dyekUHf02m7aACLcBGAsYHQ/w199-h224/image.png" width="199" /></a></div><p></p><p style="text-align: justify;">O desejo é insaciável! Não há objeto que o satisfaça
totalmente na realidade. Há no máximo, como diria Lacan, objetos de satisfação parcial. Nada completa o
humano por total. Somos condenados à incompletude eterna. E isso acontece porque
somos seres de linguagem. Estruturados na falta! O doce predileto não é o mesmo depois de um banquete
exagerado se comparado no vazio da fome e da falta. A falta não
descansa! É o preço pago por pertencer à civilização, a uma
história familiar e social. Mas se bem elaborada, essa condição não é terrível.
Ela gera movimento. Por isso é necessária a fantasia. A criação que introduz um
novo desejo no vazio que separa o interno do externo. O desejo é isso! Algo que
move por dentro alvejando o objeto de fora. Movimento incansável que cria conexão com
o mudo, que faz laço social, que permite obter companheiros de jornada. Mas nunca garante a satisfação completa! E o vazio não é vazio. Cada
um tem seu vazio particular. Cada um dá valor simbólico aos objetos que ocupam transitoriamente ou fixamente
esse espaço. Reconhecer e se apropriar dessa gramática particular é um bom caminho. Como aprender a fazer o luto dos objetos perdidos gerando novas ocupações de vazio possíveis. Só fazendo
o luto da nossa “norma interna” podemos nos conectar honestamente com o desejo. Para sermos o que já somos e o que ainda podemos ser!</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-89270396278382897582020-11-20T12:02:00.002-03:002020-11-20T12:05:24.903-03:00É preciso a ignorância das abelhas para voar....<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-lSIJwCdu1nc/X7faSXyC1HI/AAAAAAAABLs/h-nB17c5nQgw9fPg7uvWjBGcrsBeHGGOgCLcBGAsYHQ/s640/zumbido-abelhas-plantas.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="366" data-original-width="640" src="https://1.bp.blogspot.com/-lSIJwCdu1nc/X7faSXyC1HI/AAAAAAAABLs/h-nB17c5nQgw9fPg7uvWjBGcrsBeHGGOgCLcBGAsYHQ/s320/zumbido-abelhas-plantas.jpg" width="320" /></a></div><p style="text-align: justify;">Zoólogos concluíram que as abelhas não poderiam voar computando
o peso do corpo e o tamanho de suas asas. A conta não fecha! Mas elas voam! Sobretudo porque não entendem
nada de matemática. É uma boa metáfora para pensarmos a estrutura neurótica. Em
Freud, aprendemos que pagamos um preço ao entrar no mundo da civilização. Basta ver a diferença entre
a espontaneidade das crianças e a sisudez dos adultos. Algo vai sendo recalcado, disciplinado, normatizado. Daí vem
a cisão e o conflito do eu, a intermediação sofrida entre o desejo e o juízo desse desejo. Basicamente, os sintomas
vem dessa erupção interna! O ponto é que no mundo do neurótico há uma tendência forte à repetição. Para
defender o “ideal do eu” formado nesse processo de “aculturamento”, o neurótico cria estratégias de defesa em
relação a seu desejo e utiliza padrões de funcionamento que se repetem. Mas é importante notar que muitas vezes é a
própria racionalidade e a “suposta inteligência” que entram em cena para o neurótico se proteger de si. Ou
seja, o neurótico pensa, pensa, pensa, .....para repetir....... e controlar (não voar)! Sabe aquele momento em que você escuta sua intuição, desafia a negativa do seu juiz interno e se joga em uma experiência de vida sem garantias e se implicando com as consequências
dessa escolha? Pois bem. É nosso voo de abelha...</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p></o:p></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-67757854057006023832020-10-07T12:19:00.005-03:002020-10-07T12:29:39.566-03:00Incêndios : do fuzil à palavra.<p class="MsoNormal"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-hMWqHsD4Fa4/X33cXlckoGI/AAAAAAAABLM/WsyaAWtMd-ETYLus1FT2-a3FUKYLKJTTgCLcBGAsYHQ/image.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="179" data-original-width="342" height="167" src="https://lh3.googleusercontent.com/-hMWqHsD4Fa4/X33cXlckoGI/AAAAAAAABLM/WsyaAWtMd-ETYLus1FT2-a3FUKYLKJTTgCLcBGAsYHQ/image.png" width="320" /></a></div><br />Observação: esse texto contem <i>spoilers.</i><p></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> O espetacular filme “Incêndios” do diretor Denis Villeneuve permite
pensar desde a psicanálise, a matemática, as religiões, inclusive passando pelo teatro de Sófocles, e sua obra-prima
"Édipo Rei”. Ficarei restrito à psicanálise, sobretudo em alguns recortes da encruzilhada psíquica vivida por alguns personagens
e seus desfechos. Os gêmeos Jeanne e Simon perdem sua mãe e ao saber de seu testamento
se lançam, cada um a seu modo, em jornada em busca do passado da mãe, Nawal
Marwan. Ela deixa envelopes, um a ser entregue ao pai dos gêmeos e outro para o
irmão deles. O desfecho magistral do filme é conduzido por uma narrativa
cheia de mistérios, revelações e sobretudo o horror vivido pela mãe: o pai deles é também irmão (1 +1 =1)! Abou Tarek fora concebido por Nawal (cristã) e seu namorado muçulmano muitos anos antes em meio a um conflito entre católicos e muçulmanos no
Líbano. Os irmãos de Nawal matam seu amante e o filho do casal nasce rejeitado. Tarek recebe uma marca no corpo e é separado da mãe vivendo em orfanato
quando explode a guerra. Ambos tentam se encontrar durante anos. Ela se vinga matando
um líder religioso e vira uma prisioneira com uma marca bem singular: faz do canto uma ação de resistência.
O orfanato é queimado e seu filho bebe nas fontes do abandono e da violência,
e vira um atirador de elite e um torturador sádico durante o conflito. E é justamente ele que a violenta
e estrupa na cárcere gerando os gêmeos! Primeiro recorte: Tarek fora concebido em meio o amor de
Nawal e seu namorado muçulmano. Fora desejado. Os gêmeos não foram desejados, mas cresceram no Canadá com condições que lhes
permitiram ser reconhecidos como sujeitos. Pode se pensar também nas estratégias possíveis em relação
ao desamparo. Tarek vira um atirador “eficiente”, enquanto Nawal resgata sua história pelo canto, pela letra das cartas, pela
palavra, que mesmo que precária, é nossa única possibilidade de criar e, como no caso de
Nawal, suportar o horror.</p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-38937121562766871842020-10-02T13:09:00.004-03:002020-10-02T13:20:51.143-03:00A boca de jacaré<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-4sqsM1Ust0w/X3dP2Gir8_I/AAAAAAAABKo/y03KJaeoHJg6Qh50iQr7nzh8NWBwfFy1QCLcBGAsYHQ/s303/boca.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="166" data-original-width="303" src="https://1.bp.blogspot.com/-4sqsM1Ust0w/X3dP2Gir8_I/AAAAAAAABKo/y03KJaeoHJg6Qh50iQr7nzh8NWBwfFy1QCLcBGAsYHQ/s0/boca.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Lacan tem uma passagem genial ao metaforizar o amor materno direcionado
ao filho. É como a boca de um jacaré que quer devorar e integrar o bebê ao próprio corpo. E a função paterna, nesse exemplo, serviria como a entrada de um terceiro que
coloca um pedaço de pau na boca do jacaré impedindo o banquete materno. A fusão
integrativa e fantasmática entre bebê e mamãe, dessa forma, se dissiparia dando um contorno menos tóxico na
relação, para que o trabalho da mãe seja o de acolher, proteger, educar, mas também o de oferecer sua ausência para que
outros possam surgir no mundo da criança. Ou seja, a mãe teria o papel de capturar o filho na linguagem para que ele possa se desenvolver
como ser desejante que depende dos seus cuidados, mas não é o centro do mundo. Portanto é valiosíssima essa passagem em Lacan, porque nos dá a medida que entre a falta e a falta da falta, a segunda é mais devastadora. E excesso
de presença, como também o excesso de ausência, dificultam a constituição do
sujeito.</div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-50160967828322307602019-12-12T13:44:00.002-03:002019-12-12T14:14:30.882-03:00É preciso primeiro ter um projeto.....<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-b51XxqFa05M/XfJuDOR7GSI/AAAAAAAABH4/4R00pfUc4fsLEQ5LWdjUTjx5jksqiZsMQCEwYBhgL/s1600/Mae_Picasso_Maeefilho1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="428" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-b51XxqFa05M/XfJuDOR7GSI/AAAAAAAABH4/4R00pfUc4fsLEQ5LWdjUTjx5jksqiZsMQCEwYBhgL/s320/Mae_Picasso_Maeefilho1.jpg" width="228" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<i> “Mãe e criança”, de Picasso. 1921.</i><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Diferentes de outros animais, o sujeito humano pensa sozinho: "por que fiz isso? Errei, acertei, para onde vou?". Há dois raciocínios, dois saberes entrelaçados que interferem em tudo: o consciente e o inconsciente. Mas até chegar aí, o caminho é longo! Porque o bebê humano é tinhoso, além de 100% dependente de adultos cuidadores, ele não se satisfaz apenas com o essencial: alimento e proteção. Ele precisa ser "libidinizado", ele precisa ser embalado por histórias, projetos, uma fala direcionada e afetiva que o faça entrar gradativamente no campo da linguagem e o auxilie a se constituir. Que o faça transitar da terceira pessoa ("o" bebê) à primeira pessoa: o eu!<br />
Esse projeto "o bebê e sua história" é fundamental para que se possa chegar a algum lugar. Aos poucos, e com a crescente transmissão de informações e regras de civilidade, o bebê vai se transformando em um sujeito integrado a uma história, e a uma série de identificações que o lançam a um jogo de expectativas e possibilidades. Ou seja, um sujeito dividido entre o que ele quer e o que se espera dele (ou que ele acha que esperam dele, o mais provável)!<br />
Eis a dinâmica: ao psiquismo são incorporados valores e leis internas que circularam em sua criação, mas também "barramentos", proibições e conteúdos recalcados de chegar à consciência, mas que lhe garantiram um contorno, um continente. E que mandam recados a toda hora, através de sintomas, atos falhos, sonhos, repetições, inibições, recusas e etc. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
E ai chegamos ao sujeito neurótico, esse que aparece na clínica da psicanálise. Mas atenção: ele primeiro precisou ser inserido a um projeto. Para depois poder negá-lo! E é desse conflito que se produz suas queixas e angústias num entrelaçamento complexo que o confunde sobre o que é seu desejo e do Outro. Mas não é um bom problema? Ter conflitos, elaborar e seguir adiante se responsabilizando por suas escolhas e reconhecendo seu desejo?<br />
Encrenca mesmo é quando lhe negam um projeto .......</div>
Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-50578167863521143052019-10-17T12:20:00.001-03:002019-10-17T12:22:33.547-03:00Os movimentos da uma análise....<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-0CFdQlzKKhE/XaiEl9E6S1I/AAAAAAAABHY/WyUOVtutUt0RKTSBA_L4dh9xfc72cEGkgCLcBGAsYHQ/s1600/movimento.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="200" data-original-width="300" src="https://1.bp.blogspot.com/-0CFdQlzKKhE/XaiEl9E6S1I/AAAAAAAABHY/WyUOVtutUt0RKTSBA_L4dh9xfc72cEGkgCLcBGAsYHQ/s1600/movimento.jpg" /></a></div>
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</div>
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Uma das maiores contribuições da psicanálise Freudiana foi demonstrar que o sujeito é determinado por algo que lhe escapa ou, como diria Lacan, orientados por coordenadas de linguagem que nos estruturam e, sobretudo, atuam no inconsciente. Importante dar exemplos práticos: um menino que escuta no leito de morte do pai a frase materna "agora você será o homem da família" poderá ver se transformar essa "orientação simbólica" em exigência para várias circunstâncias de sua vida. Mas atenção para esse movimento: tal "significante" veio, primeiro, de uma autoridade externa (a mãe), e será internalizado no superego, instância psíquica responsável por fiscalizar o eu no cumprimento dessa lei. Ou seja, o superego é uma espécie de "juiz" herdeiro dos valores que circulavam nas autoridades externas formativas (família, sociedade, igreja, etc..) que são interiorizadas no psiquismo de cada sujeito e, não raro, atua de forma tirânica. Ou seja, na topologia psíquica o inconsciente não é um material arquivado nas profundezas da mente, é um conteúdo inicialmente inapreensível, mas que vive sua dinâmica própria, e cuja realidade é atualizada na relação transferencial entre analista e paciente. Por isso que ao fazer análise essa "cadeia de significantes" que definem o modelo de funcionamento psíquico, e é radicalmente restrita a cada sujeito, pode ser questionada, examinada e, com sorte, resignificada (fazer algo com isso) - afinal quem fala demanda, traz queixas, sofrimentos, desejos e etc. Assim, com diria Freud, se trata de "recordar, repetir e elaborar" a partir do material que nos constituiu, o que dá um estatuto criativo de uma trajetória analítica. Ousaria dizer: a análise pode ser vista como uma "experiência estética" em busca de movimento, de notar e sair do lugar onde podemos estar retidos! <br />
<br /></div>
Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8931498833062783427.post-17193536478093479612019-10-16T11:50:00.002-03:002019-10-16T11:52:09.575-03:00A aparicação do Coringa...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-5RkFu7xR3uc/XacuMA3EUrI/AAAAAAAABHM/RISbijheeZ8jeWoBx40zbDjPYBq85Qo3gCLcBGAsYHQ/s1600/coringa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://1.bp.blogspot.com/-5RkFu7xR3uc/XacuMA3EUrI/AAAAAAAABHM/RISbijheeZ8jeWoBx40zbDjPYBq85Qo3gCLcBGAsYHQ/s320/coringa.jpg" width="320" /></a></div>
<br />Excepcional filme. Aliás, Coringa não é um filme de ação. É um filme sobre a verticalidade radical da história de um personagem. Afinal, a aparição do Coringa nada mais é que um gesto radical à ausência total de escuta, à ausência total de lugar, à ausência total de relação com o outro. Ou seja, fala também do nosso tempo, da universalidade da condição de exceção que toca a todos, pelo menos de alguma forma.<div style="text-align: justify;">
</div>
Umberto Contihttp://www.blogger.com/profile/12980155184811760638noreply@blogger.com0